terça-feira, 3 de agosto de 2010

DR. ARNALDO MENDES FAZ UMA ABORDAGEM GERAL SOBRE A POLICLINICA DR ACILON GONÇALVES




Luiz Neto – Dr. Arnaldo, nós escolhemos você para falar sobre a saúde de Aurora, porque praticamente você inaugurou o Hospital Ignêz Andreazza. Qual a sua opinião sobre a saúde daquela época e a atual?



Dr. Arnaldo – Realmente, quando eu cheguei em Aurora, o Hospital Ignêz Andreazza, estava com 6(seis) meses de funcionamento. Cheguei em 1985, a convite de Dr. Raimundo Macêdo, para assumir os procedimentos cirúrgicos existentes na época, em conjunto com Dra. Fátima que assumiu a parte de anestesia. Fiquei encantado com o Hospital, pois para o porte do município de Aurora, era considerado muito grande, uma vez que existia 235(duzentos e trinta e cinco) leitos, ou seja em um mesmo dia podia ser internado 235 pacientes. Muito bem equipado, funcionando a contento: Cirurgia, Anestesia, Obstetrícia, Pediatria, Clínica Médica, Cardiologia, Emergência, Laboratório, Raios X, Odontologia, Serviço de Prevenção de Câncer Ginecológico, Serviço Social, Nutrição, Chefia de Enfermagem e Unidade de Terapia Intensiva(UTI). Pra você ter uma idéia, havia mais de 20(vinte) profissionais dando assistência de qualidade a toda a população. O Hospital era referência para outros municípios. Se você fizer um paralelo, entre aquela época e a atual, sentiremos uma grande diferença. Em 1985 a população de Aurora, girava em torno de 20.000 habitantes e o Hospital contava com 235 leitos. Atualmente é mais de 25.000 habitantes, e, o número de leitos caiu para 125. Podemos afirmar que o povo ficou menos assistido, pois se o número de leitos caiu, a verba também diminuiu e o Hospital teve que reduzir o número de profissionais para não fechar suas portas. Se isso tivesse acontecido seria um caos total. Eu me recordo muito bem, que Dr. Raimundo muitas vezes, teve que pagar os funcionários do seu bolso para não haver descontentamento dos profissionais que ali trabalhava e o povo não sofresse as conseqüências.


Luiz Neto – Dr. Arnaldo, a quem ou a que você atribui essa situação?


Dr. Arnaldo – Na minha opinião, analisando todos os fatos existentes que tomei conhecimento, eu responsabilizo toda essa situação que passou o Hospital Ignêz Andreazza, simplesmente a política. A política tanto constrói como destrói. Logo que aqui cheguei, tomei conhecimento que em Aurora existe dois grupos políticos: “Macedo” e “Gonçalves”. Na época o prefeito era o Cel. Antônio Macêdo
que fora eleito pelo grupo Macêdo, conhecido como grupo de João de Zeca. Na eleição seguinte, 1993 o próprio João de Zeca é eleito novamente e o grupo Gonçalves amargara três derrotas consecutivas. Por esse motivo, a oposição representada pelo grupo Gonçalves, responsabilizou essas derrotas a existência do Hospital.
Por um deslize do grupo Macêdo, o grupo Gonçalves elege o prefeito, Alcides Jorge Evangelista o promotor de justiça da época, que não pensou duas vezes, passou a lutar contra o Hospital, no sentido de construir um outro para concorrer com o conhecido Hospital do grupo Macêdo. Nessa batalha, o Ministério da Saúde não aprovou a construção de um segundo hospital, pois tecnicamente, o número de leitos que existia na época já era mais do que o suficiente para um município do porte de Aurora, não suportando dois hospitais, cujos recursos eram oriundos da mesma fonte, o Ministério da Saúde. Pelo sim pelo não, acabou conseguindo uma verba para construir uma unidade de saúde, cujo objetivo era dividir o número de leitos existente no município. Em função da construção dessa unidade, Aurora perdeu 110(cento e dez) leitos, incluindo leitos de Pediatria e a UTI. A unidade de Saúde construída não foi aprovada como hospital, e passou a ser chamada de Policlínica, inaugurada em novembro de 1996, que não chegou a funcionar na gestão do prefeito que construiu, e os leitos(vagas hospitalares) que o Hospital perdeu, jamais foram conseguidos de volta. A verdade é que nessa briga política, quem perdeu foi o povo. Principalmente o menos favorecido.
Luiz Neto – Dr. Arnaldo, neste caso o que representa a Policlínica para o povo de Aurora?


Dr. Arnaldo – Como disse antes, o objetivo do prefeito na sua construção era que fosse um hospital, onde tivesse internações, cirurgias, partos, etc, para concorrer com o Ignêz Andreazza, como não conseguiu credenciar(registrar) com essa finalidade, chamou de Policlínica, que ao pé da letra significa - Estabelecimento Ambulatorial onde se trata doenças de várias especialidades. Mesmo assim não tem verbas específicas para manter vários especialistas. Podemos afirmar que aquela unidade de saúde, com o nome de fantasia chamada “Policlínica”, na verdade não tem nenhum credenciamento. Para o seu conhecimento, é proibido pelo ministério da saúde, internações, procedimentos cirúrgicos de médio e grande porte, procedimentos obstétricos, podendo apenas prestar serviços ambulatoriais.

Luiz Neto – Dr. Arnaldo, você atende na Policlínica desde a sua inauguração. Qual a sua análise quanto a atuação dos prefeitos com relação a Policlínica?

Dr. Arnaldo – Quem recebeu a Policlínica depois de sua inauguração, foi a prefeita Maria Leomar de Macêdo(Dra. Fátima). A primeira atitude dela foi me contratar para trabalhar naquela unidade. A Policlínica foi equipada para prestar serviços ambulatoriais e alguns exames de laboratório e mais nada, ou seja, apenas consultas e procedimentos como curativos e pequenas cirurgias. Dra. Fátima procurou credenciar no SUS(Sistema Único de Saúde) para aumentar a resolutividade da Policlínica, inclusive internações pelo menos em observações, porém não conseguiu. O que obteve como resposta é que Aurora, já tinha um Hospital credenciado pelo SUS e não suportaria um segundo. Fiquei por lá os quatro anos atendendo em ambulatório(consultas). Depois de Dra. Fátima foi eleito Dr. Carlos Macêdo, cuja campanha foi feita em cima da Policlínica, dizendo que ia transformá-la em Hospital – Hospital do Araçá. Eu mesmo sabia que não era possível, mas ele disse que ia mostrar como conseguia. Passaram os quatro anos. Foi reeleito por mais quatro anos e deixou a Policlínica apenas com alguns equipamentos a mais, porém com o mesmo poder de resolutividade. A realidade é que o povo de Aurora continua, se internando, se operando, tendo seus partos no Hospital Ignêz Andreazza.

Luiz Neto – Dr. Arnaldo, o povo de Aurora tomou conhecimento que Dr. Carlos ampliou e equipou a Policlínica. O que você tem a dizer sobre isso?

Dr. Arnaldo – Quando nós recebemos a Policlínica, em 2001, ela estava equipada para atender serviços ambulatoriais, como já falei anteriormente. Carlos Macêdo, adversário político de Dr. Raimundo Macêdo, continuava com o mesmo pensamento dos outros adversários, concorrer com o Hospital Ignêz Andreazza, passando a correr atrás de verbas para ampliar a Policlínica. Conseguiu fazer uma lavanderia, construiu um anexo para uma suposta sala de parto e conseguiu alguns equipamentos, inclusive comprou um aparelho caríssimo para exame de vista. Na lavanderia nunca foi lavado um lenço, o anexo não tem nenhuma utilidade e nunca pisou um oculista na Policlínica. Então, o que eu tenho a dizer sobre isso, é que muitas verbas foram desperdiçadas. Internava-se pacientes sem as mínimas condições, contrariando as normas do Ministério da Saúde. Quando apresentava uma mínima intercorrência, se transferia para o Hospital Ignêz Andreazza ou para os hospitais do Cariri.

Luiz Neto – Dr. Arnaldo, Você não é a favor de mais um Hospital em Aurora? O Sr. conhece o ditado que diz: “Quanto mais cabra mais cabrito”?

Dr. Arnaldo – Eu quero que fique bem claro. Eu não sou contra mais um Hospital em Aurora, ao contrário, eu gostaria muito que tivesse dois hospitais, pois só assim gerava mais empregos, o povo era melhor assistido. Concorrência sempre faz bem. O que estou dizendo desde o primeiro momento desta entrevista é que o Ministério da Saúde não aceita dois Hospitais em Aurora, pois o número
de habitantes que tem em nosso município só suporta um Hospital, eu digo isto falando tecnicamente, pois o SUS paga pelos serviços prestados e não pela política partidária. Pra você ter uma idéia, os recursos que o SUS paga pelos serviços prestados no Hospital Ignêz Andreazza, não dá para mantê-lo. Os recursos são pagos pelo número de leitos. Se tiver dois Hospitais, o número de leitos serão divididos, logo o dinheiro também é dividido. O que acarretará no fechamento dos dois. Eu afirmo categoricamente que se apenas um sobrevive precariamente, imagine dois.

Esse aforismo que diz: “Quanto mais cabra mais cabrito”, nem sempre é verdadeiro, pois é melhor uma cabra de raça e sadia, do que duas cabras “pé duro” e doentes.

Luiz Neto – Dr. Arnaldo, estamos no final do primeiro ano do prefeito Adailton Macêdo. Qual o balanço que você faz com relação a Policlínica de 2008 e a de 2009?

Dr. Arnaldo – O povo de Aurora é sabedor que eu sempre estive do lado do prefeito eleito. Já participei de 6(seis) eleições em Aurora, já fui eleito vice-prefeito e vereador. Critico quando merece críticas e elogio quando merece elogios. Depois que a Policlínica foi construída, passei a trabalhar nela, permanecendo até hoje. O prefeito anterior, como já falei, tentou transformar em Hospital mas não passou pela apreciação do Ministério da Saúde, permanecendo apenas como prestação de serviços ambulatoriais. O prefeito atual, Adailton Macêdo sendo sabedor de tudo isso, simplesmente está fazendo jus ao nome Policlínica(Várias clínicas). Fazendo uma comparação entre a Policlínica de 2008 e a Policlínica de 2009 podemos concluir:

Em 2008 - Gestão anterior, funcionava apenas 08(oito) especialidades com 10 especialistas. Clínica Médica(02), Pediatria(01), Urologia(01), Ultrassonografia(01), Endoscopia(01), Radiologia (01), Cardiologia(01), Ginecologia(01) e Bioquímica(02), consultas, serviços de laboratório(exames) e ambulatório(curativos, suturas, drenagens de abscessos, etc). Raios X(não funcionou desde 2006), num total de 4.789 atendimentos.

Na atual Gestão funciona com 15 (Quinze) especialidades médicas e 17 (Dezessete) médicos especialistas: Clinica  Médica (05), Pediatria (01), Geriatria (01), Dermatologia (01), Cardiologia (01), Radilogia (01), Urologia (01), Ginecologia e Obstetra (01), Psiquiatria (01), Ortopedista (01), Ultrassonografia (04), Endoscopia (01), Cirurgião pequenas cirurgias (01). Além de Bioquimico (01), Fonaudiologia (01), Odontologia (05)Psicologia (01), Enfermagem (01) e Ambulatorio( Curativos, Sinais Vitais, Exame fisico de enfermagem, Drenagem, Retiradas de pontos e administração de medicamentos entre outros), Exames laboratoriais, Sorologias, Raio-X, Baciloscopia para HANSE  e TB, Eletrocardiologia e Teleconsultoria médica, entre outros.

O número de consultas, exames e procedimentos ambulatórias totalizou 13.286. Se você fizer uma comparação, o número de atendimento foi mais de 3(três) vezes, em relação ao mesmo período do ano passado.


Essa é a verdadeira Policlínica que o povo desejava e espera que continue sempre assim ou melhor.

Luiz Neto – Dr. Arnaldo, qual a justificativa da Policlínica não funcionar a noite?


Dr. Arnaldo – Como eu falei anteriormente, o gestor anterior queria a qualquer custo concorrer com o Hospital Ignêz Andreazza, colocando plantonista a noite, mesmo sabendo que a Policlínica funcionando a noite não trazia muitos benefícios à população, pois os procedimentos mais sérios eram resolvidos no Hospital. O prefeito Adailton Macêdo, verificando, custo-benefício, observou que o valor que gastava ficando aberta a noite, poderia trazer mais especialistas e a população seria bem mais assistida, pois a Policlínica não tem nenhuma verba extra. Foi feito um levantamento quanto se gastava com plantões noturnos e chegou-se a seguinte conclusão: 01 Médico – R$: 500,00 por plantão, num total de R$: 15.000,00 por mês, 01 vigia, 02 auxiliares de enfermagem, 01 auxiliar de serviço, energia e material de consumo totalizava em torno de R$: 20.000,00(vinte mil reais) por mês, para atender em média 30 a 60 pacientes por mês de procedimentos simples que poderiam ser resolvidos durante o dia. Com esse dinheiro, contratou-se 20(vinte) especialistas e está atendendo a demanda, mais do o suficiente e evitou que muita gente se deslocasse para o Cariri, pois são especialistas de renome da região

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